segunda-feira, 18 de agosto de 2014

O Artista e o Modelo





(Rodrigo Azevedo)



Um homem velho
Com muito amor pela arte
Tudo que pode ser visto
Observa atentamente
Os detalhes da vida
Que passa pela rua
Olhar inocente e pervertido
Move a arte a ser construído

Tanto tempo se passou
O homem velho não perde tempo
Vive um dia de cada vez
Antes que seu tempo acabe de vez

Uma bela moça apareceu
À sua vida voltar a funcionar
A arte voltou a transbordar
Em seus braços
Tantas tentativas
E uma conclusão
Uma pose perfeita
Na palma da sua mão

Molda a modelo
No gesso a se moldar
Vendo-a um espelho
As curvas que se mostra
Mas ela não gosta
Pois, nada se parece
Ele diz: “A arte não é uma copia
É o que transparece”

Com o trabalho
Junto ao tempo
Vem à admiração
Pela bela jovial
Do olhar nada casual
À louca vontade de tocar
Logo pensou: “Tenho que ser profissional”
Mas não deixou de se apaixonar

O tempo passou
Dia após dia de trabalho árduo
O velho artista terminou
A sua ultima obra prima
Ultima, pois seu tempo acabou
A jovem modelo foi-se embora
E ele ficou, novamente, sozinho

A admirar sua obra pronta
Com o sol a ilumina-la
Sentado na varanda
Segurando uma espingarda
Pensou: “Este fim precisa de mais poesia”
De longe, deu pra ouvir o tiro ecoar!

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