Idade Média

(Rodrigo Azevedo)

Cansado de ser castrado

Entre a fumaça da vida dos outros

Vivo fora do vácuo sem vida alheia

Para manter vivo, em mim, tudo que lhes falta

Porque crer em uma só verdade?

Melhor ter visão própria do que seguir entre os cegos

Mudo em terra de lábia vazia e gasta é rei

Observar e pensar é raro, quase extinto

Planeta dos viajantes

Terra de ninguém, cheio de donos sem escrituras

Sem ninguém para servir, mãos abertas, só para receber

Não cria solução, só mandar

Ninguém que sirva, só para servir

Ouvir e partilhar, nem em TV

O umbigo é o foco

De si, para crescer, dos outros, para levar ao chão

De onde veio tanta arrogância?

Hipocrisia e intolerância?

Desejo de ser mais que os demais

Ser mais que os iguais

Exigir respeito sem desejar

Reprime quem exprime

Tudo de bom da vida só para si

Voltamos para a idade média?