quarta-feira, 5 de março de 2014

Famintos





(Rodrigo Azevedo)



Se acabou no carnaval
Bebeu, beijou, trepou...
Sem esperar
Amanhã vai acordar
E verá a merda que o país está
A festa feita nos bastidores
Que ninguém quis ver
Nos cantos podres
Que apodrece o país
Que mais uma vez
Mostra que é uma terra sem lei
Caminhando para o mesmo abismo
Que um dia lutou e sangrou

Um país esquecido
Não lembra o seu próprio título
Terra festeira
Que não enxerga os seus problemas
As frutas podres que alimentamos
Calados, cegos e surdos
Com o pão que os vermes nos dão
Mais caros que o filé que pagamos
Para os vermes se alimentar
Temperados com o nosso suor e sangue
De tanto trabalhar
Para lutar e viver
Sem perder a esperança de sonhar
Vivendo de fé
Sem lutar
As coisas permanecem como é

O poder que nós damos
Enganados e iludidos
Por um papo rico e bem escrito
Que toca nossos corações
País hipócrita, feito de mentira
Vivemos na corrupção de cada dia
Que nos sufoca e nos contamina
Os poucos corações que ainda resta
Jogado nos cantos, cheios de desgosto
Feito meretriz entorpecida
De tanto pão e circo
Que empurram por nossa garganta
E viver com medo, calados
Famintos e submissos
Por alguém que vive por nós
Alguém que era para ser nosso porta-voz!

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